- Hey, hey. Isso não é verdade Rayden. Pense nas consequências antes de dizer qualquer besteira. - Aquele homem corria atrás de um garoto, com um tom de preocupação fora do normal para um sequestrador qualquer.
- Então me diga porque! Por que eles me deixaram com você?! Isso não é justo! Seu maldito velhote, me deixe em paz! - O menino parecia explodir em raiva, mas sua voz soava mais triste do que irritado. Ele percorria o vale de forma rápida e rasteira, esquivando dos galhos e das rochas com facilidade. O homem que o perseguia já aparentava ser muito mais velho, por volta dos 50 anos, mas também era ligeiro.
- Quer você queira ou não, eu vou cuidar de você! Essa foi a tarefa que seus pais me deram, e eu vou cumprí-la. AHHHHHHHHHHHHHHHHH!!! - Kazuto então almentava sua velocidade, movendo as pernas mais rápido que o normal. O tal guri fujão, Rayden, olhou pra trás e percebeu que logo estaria nas mãos daquele velhote. Teve uma idéia repentina e tentou usar o tronco de uma árvore como impulso para subir em um galho. Poderia fujir pelas copas das árvores, aquele velho não conseguiria fazer tal coisa. Mas quando estava à alguns centímetros de alcançar o galho, sentiu que algo agarrava seu tornozelo e desabou ao chão.
Alguns segundos depois o garoto levantou a face do solo e chacoalhou toda a cabeça, atordoado. - HEY! SEU MALDITO! Por que fez isso comigo? Poderia ter me machucado e... - Ele parou de falar quando olhou a expressão de seu tio, que parecia desolado. Já tinha olhado para ele várias vezes, e nunca imaginou aquela cena. Um homem de barba bem feita, pele morena, cabelos escuros, uma cicatriz em seu queixo e um corpo forte, com os músculos definidos. Aquele expressão triste e olhos cheios d'água, era inimaginável. - Velhote, ér... bem... me desculpe, eu... - O homem tapou-lhe a boca, e esfregou o rosto. As palavras a seguir vieram pesadas e cheias de ressentimento, mas eram as mais sinceras possíveis. - Eu sei que não posso ser seu pai, mas eu ainda assim tentarei ser. Eu vou cuidar de você até que eu morra, porque você é minha redenção nesta terra. É a única coisa boa que eu consegui criar. Sei que sente saudade, mas eu não posso deixá-lo partir. - Rayden agora percebia o quanto Kazuto gostava dele, e que talvez fosse até melhor ficar com ele do que procurar por seus pais, que o largaram com o tio.
Mas ele nem teve tempo de se desculpar, pois Kazuto já lhe agarrou e o colocou nos ombros. - CERTOOOO!!! Como você violou as regras do apê do Kazu, hoje o jantar é por sua culpa e espero que capriche! VAMOOOOS! - Gritou e correu feito um doido, enquanto Rayden ainda esperneava em seus ombros.